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A dor no peito pode ser refluxo?

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15/09/2022
6 min. de leitura

Você já sentiu uma espécie de “queimação” no estômago, que, de repente, sobe até a boca? Ou um incômodo que dói tanto o peito que parece que você está tendo um ataque cardíaco? Pois é, este é o refluxo gastroesofágico. Trata-se de uma condição em que há, de fato, uma “subida”, um refluxo de ácido e de conteúdo do estômago para o esôfago. Mas não se impressione. Você não é o único. De acordo com a Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia (SBMDN), este é um dos diagnósticos mais comuns na gastroenterologia e afeta de 12% a 20% da população brasileira.

A boa notícia é que o refluxo costuma ser uma enfermidade benigna, cujo principal incômodo são os próprios sintomas que causa. Entretanto, segundo o chefe do Serviço de Gastroenterologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital Moinhos de Vento, Dr. Fernando Wolff, é importante ter uma avaliação com um gastroenterologista, para ver se é necessário ter um acompanhamento médico e realizar exames periódicos. 

O que é o refluxo?

“O estômago é um órgão que produz ácido (ou suco gástrico) para ajudar na digestão. Para seguir com o processo digestivo, ele deveria se misturar com o alimento e ir para o intestino. Mas, em algumas pessoas, ocorre uma subida excessiva deste líquido, do estômago para o esôfago, causando o quadro chamado de refluxo gastroesofágico”, elucida. O especialista lembra que todos podem ter um pouco de refluxo. Não é anormal. Entretanto, se desencadear muitos sintomas, começa a ser considerado como uma doença.

Quais são os principais sintomas do refluxo?

Segundo o Dr. Fernando Wolff, os principais sintomas do refluxo se dividem em dois grandes grupos. Os relacionados ao próprio esôfago, chamados de sintomas típicos, que incluem, principalmente, a já descrita sensação de “queimação”. Ela começa na região do epigastro (ou boca do estômago) e sobe, às vezes, atrás do peito, chegando até a garganta. O termo técnico é “pirose” e, geralmente, se conhece por “azia”, que seria a maior característica do refluxo. Além disso, a regurgitação, que é a subida de líquido (dando a sensação de que tem líquido subindo atrás do peito, até a boca ou garganta), é outro sintoma típico. 

É ataque cardíaco ou refluxo?

Dr. Fernando Wolff observa que há outro grande grupo de sintomas, que passam por episódios de dor no peito. Sendo esta uma das causas mais importantes de dor na região, depois dos problemas cardíacos; motivo pelo qual algumas pessoas confundem essas dores com a de um infarto.

Além disso, existe a dor de origem esofágica, que pode ter relação com o refluxo. Os sintomas, chamados extraesofágicos, principalmente atingem a parte respiratória, como tosse crônica, pigarro, sensação de bola na garganta (o chamado ‘globus’) ou dor, perda de voz e rouquidão. “Muitas vezes, estes indícios - que não são diretamente no esôfago - estão associados à chamada doença do refluxo gastroesofágico. Mas esta confirmação (de diagnóstico) deve ser feita com especialistas, como um otorrinolaringologista e pneumologista”, recomenda.

Comprovado o refluxo, como tratar?

Os tratamentos envolvem soluções não farmacológicas, ou seja, que não estão relacionadas à medicação. “São medidas simples que ajudam a controlar o refluxo, como elevar a cabeceira da cama (para que a própria gravidade contribua com o paciente) e evitar grandes refeições perto da hora de dormir”, exemplifica.

O médico também explica que o tabagismo, além de alguns alimentos e bebidas, deve ser evitado. “Pessoas com refluxo têm problemas com bebidas alcoólicas, café, chá preto, chá verde e chimarrão e com outros alimentos que contenham ‘xantinas”. Estas substâncias relaxam a musculatura de uma espécie de válvula (chamada de esfíncter), existente entre o esôfago e o estômago. Esta válvula é responsável por permitir a descida do alimento e fica ‘relaxada’ quando ele está passando. Depois, deveria se fechar e manter uma certa pressão, que impediria a subida do que foi consumido”, descreve, didaticamente.

Medicações

Já entre as medidas farmacológicas, são indicadas medicações - eficazes e frequentemente utilizadas -,  que reduzem a produção de ácido no estômago. “Assim, teremos menos acidez para subir para o esôfago e, se por um acaso houver o refluxo, será bem menos agressivo. Com a diminuição dessa quantidade de suco gástrico, de líquido do estômago, há uma melhora importante dos sintomas”, comemora. O especialista observa que este tipo de tratamento já é usado há várias décadas, sendo extremamente seguro, tanto a curto como a longo prazo. Contudo, jamais realize a automedicação, pois somente um profissional médico pode prescrever o tratamento necessário.

Consulte um gastroenterologista

Portanto, inicialmente, o recomendável é marcar uma consulta clínica. Grande parte da confirmação do refluxo é feita neste momento. “A conversa e o exame físico, no consultório do especialista (no caso, um gastroenterologista) é que vai permitir que se faça o diagnóstico, na grande maioria dos casos. Tem muitas pessoas que não necessitam de qualquer exame complementar. Quando surge alguma dúvida, em situações em que o paciente já tem os sintomas há muito tempo ou tem alguns sinais que nos alertam quanto a alguma complicação, solicitamos exames mais completos e sofisticados para a investigação dos quadros de refluxo”, esclarece.

Sinais de alerta 

É importante ressaltar que alguns pacientes precisam buscar por atendimento especializado o quanto antes. “Todo o indivíduo que apresenta dificuldade para engolir ou tem a sensação de que o alimento está ‘trancando’ em algum lugar ou, progressivamente, vai tolerando alimentos cada vez menos sólidos, menos duros, precisa ser avaliado logo”, alerta. “Pacientes que têm vômito, com  ou sem sangue ou que estão tendo perda de peso, precisam fazer, além da entrevista clínica, uma investigação mais aprofundada com exames”, aconselha o chefe do Serviço de Gastroenterologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital Moinhos.

Exames importantes

O primeiro exame que se faz na investigação da doença do refluxo e para fazer o diagnóstico diferencial entre refluxo e alguma outra doença desta região é a endoscopia digestiva alta. “Com o paciente sedado (tranquilo, dormindo), se introduz o aparelho endoscópio pela boca, para olhá-lo por dentro, desde a garganta até o esôfago e o estômago. Com isso, conseguimos avaliar se está havendo algum dano direto de ácido no esôfago. É o exame inicial para se realizar uma avaliação.”

Posteriormente, existem outros exames que vão conseguir avaliar como está o funcionamento das contrações do esôfago, a chamada manometria esofágica. “Ainda existe a ‘pHmetria’, que mede o pH, a acidez, dentro do esôfago, ao longo de um período prolongado, de cerca de quase 24 horas. Essa análise vai permitir ver em quais momentos a pessoa está tendo refluxo e onde ele ocorre (dentro do esôfago). Ainda contamos com exames que disponibilizam um sensor perto da garganta e conseguem ver quantas vezes por dia o ácido chega a subir lá do estômago; o que completaria a avaliação”, afirma. Se for preciso, alguns exames radiológicos podem ser úteis para realizar uma avaliação relacionada à anatomia do esôfago e estômago.

Hospital de referência

Ficou com alguma dúvida? Sente algum desconforto relacionado ao sistema digestivo? Procure logo por atendimento médico profissional. O Hospital Moinhos de Vento disponibiliza os exames mais modernos e qualificados, na área. Também conta com um grupo de motilidade esofágica, uma equipe especializada para investigar casos complexos de refluxo e de outras doenças do esôfago que podem, às vezes, confundir o diagnóstico. Agende logo a sua consulta e evite maiores complicações à sua saúde.

Fonte: Dr. Fernando Wolff (CRM 24476), chefe do Serviço de Gastroenterologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital Moinhos de Vento

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