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Varíola dos macacos: conheça os sintomas e tratamento da doença

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22/08/2022
5 min. de leitura

Com a transmissão comunitária da varíola dos macacos confirmada em pelo menos nove estados, cresce a importância da atenção para a prevenção da doença.

Os casos começaram a surgir no final de abril em locais da Europa onde a doença geralmente não se espalhava, e se disseminaram por mais de 92 países. Neste cenário, o Brasil é o quinto país com o maior número de diagnósticos: já são mais de 3 mil.

Também conhecida como monkeypox, a doença tem reservatório em vários animais, incluindo os macacos. Elaé caracterizada por pequenas lesões de pele doloridas no formato de bolhas. Além destas pequenas feridas, a varíola dos macacos pode apresentar sintomas como:

  • Febre
  • Linfonodos inchados (ínguas)
  • Dor de cabeça
  • Dor muscular
  • Calafrios
  • Fadiga e prostração

Transmissão

A transmissão da varíola dos macacos ocorre principalmente pelocontato próximo das pessoas com a ferida, gotículas respiratórias, contato com objetos contaminados e pelo contato ou consumo de carne de animais infectados. Depois da contaminação entre o animal e um humano, a doença pode ser transmitida também entre as pessoas, por meio do toque com a pele, mesmo íntegra (sem lesões) de outra pessoa ou do contato entre mucosas.

O infectologista Paulo Ernesto Gewehr Filho, coordenador médico do Núcleo de Vacinas do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, explica que uma forma comum de contágio é coçar uma ferida infectada e tocar na pele de outra pessoa, mas a doença também pode ser transmitida por gotículas de saliva ao falar ou respirar. Se alguém infectado estiver em um raio de até dois metros, embora exija uma exposição prolongada, a contaminação pode ocorrer pela simples disseminação de gotículas no ar.

"Até objetos como celulares, pente e copos podem ser vetores de transmissão após serem manuseados por pessoas com a doença. Existem relatos de pessoas que se contaminaram ao tocar lençóis e fronhas contaminados.", diz Gewehr.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a recomendar que homens que fazem sexo com homens diminuíssem o número de parceiros para evitar o contágio, após constatar que o grupo teria registrado a maioria dos casos notificados de varíola dos macacos. De acordo com o infectologista, é importante ressaltar que a doença pode atingir qualquer indivíduo:

"O grupo de homens que fazem sexo com homens está sendo mais acometido neste momento. O papel da transmissão via sexual não está esclarecido, mas durante a relação ocorre o contato íntimo e prolongado através da pele, saliva, respiração e objetos compartilhados. Também há mulheres e crianças que também estão se contaminando, por diferentes tipos de vias", explica.

Atenção aos sinais

Embora as lesões na pele sejam a marca registrada da doença, o infectologista chama a atenção para o fato de que, nos últimos dias, muitos pacientes têm manifestado poucas feridas. "Em alguns casos, lesões únicas podem ser confundidas com espinhas ou até mesmo passar despercebidas dependendo do local. Isso é um fato novo".

A recomendação é, ao perceber qualquer lesão de pele, fazer o isolamento imediatamente, e procurar um serviço de saúde. Gewehr explica que é preciso monitorar o surgimento de sinais e sintomas até 21 dias depois do último contato com uma pessoa que teve o diagnóstico ou suspeita. A orientação do Ministério da Saúde é permanecer atento aos sinais e, ao detectar o aparecimento de qualquer lesão, dar início ao isolamento imediatamente.

Tratamento

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), não existem tratamentos específicos para a infecção pelo vírus da varíola dos macacos. A doença regride após alguns dias, sendo indicado o uso de medicações sintomáticas para dor, febre e coceira. Por isso, a atenção clínica deve ser otimizada ao máximo para aliviar os sintomas, manejando as complicações e prevenindo as sequelas em longo prazo. A OPAS recomenda:

  • Cuidar da lesão, deixando-a secar, se possível, ou cobrindo-a com um curativo úmido para proteger a área, se necessário
  • Evitar tocar em feridas na boca ou nos olhos
  • Evitar o uso de enxaguantes bucais e colírios que contenham cortisona

Diferenças para a Covid-19

Como percebemos, além das feridas, muitos sintomas da varíola dos macacos são parecidos aos da Covid-19, gripes e resfriados. "As lesões na pele geralmente aparecem após o terceiro dia de febre, dores de cabeça e dores musculares. Até então, a pessoa não vai valorizar e achar que pode ser a doença. Por isso, quem tem esses sinais deveria se isolar e procurar uma avaliação médica, principalmente se teve contato com alguém suspeito ou confirmado.", alerta o infectologista.

Além disso, o médico chama a atenção para um sintoma específico da varíola dos macacos que é raro nos casos de Covid: adenopatias (ínguas) difusas. "Se surgir adenopatia, febre, dores musculares, consultar um médico para identificar a causa e ficar em isolamento, observando se vão surgir feridas para evitar a transmissão para outras pessoas", afirma.

O infectologista explica que uma das principais diferenças entre as doenças é que uma pessoa infectada com Covid-19 poderia sair de casa com máscara. Já quem tem o diagnóstico confirmado para varíola dos macacos deve permanecer em casa até o desaparecimento das crostas das feridas, sem sair à rua.

Vacina contra as varíolas dos macacos

Outra diferença em relação à Covid-19 é que a imunização, agora, pode ser mais rápida. Isso porque, embora não tenha uma vacina específica, há imunizantes contra a varíola humana podem ser usadas contra a varíola dos macacos:

●       MVA-BN: chamada de Jynneos (EUA) , Imvamune (Canadá) ou Imvanex (Europa), foi desenvolvida pelo laboratório dinamarquês Bavarian Nordic. Nos EUA, está sendo usada para imunizar os grupos de maior risco, que são os homens que têm relação sexual com outros homens e profissionais de saúde que têm risco ocupacional. Utilizada em duas doses com intervalo de  30 dias, pode ser também utilizada na profilaxia pós-exposição. É o imunizante que deve ser disponibilizado no Brasil.

  • LC16: fabricada pela KM Biologics Japão é utilizada desde 1975 para a vacinação contra a varíola humana.

Nos próximos dias, o Ministério da Saúde deve divulgar um calendário de vacinação para a doença. Fique atento e procure atendimento médico caso apresente qualquer sintoma da varíola dos macacos.

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