Locais mais abafados, maior quantidade de suor, roupas úmidas em contato com o corpo… Já reparou que, nessa época do ano, sempre aparece alguém relatando casos de micoses? Elas são um dos "ônus" da estação em que saudamos o contato com o mar e com o astro rei.
É no verão que as infecções causadas por fungos encontram a época mais propícia para se manifestar, devido à combinação do clima quente com hábitos como frequentar piscinas públicas ou andar de pés descalços. São as micoses de verão. O tempo de férias e descanso também pode levar ao relaxamento dos cuidados, deixando-nos mais expostos.
"As micoses são causadas por vários tipos de fungos, dependendo do lugar de acometimento e do tipo de manifestação clínica", explica a médica Nicole Peruchi, pós-graduanda do Serviço de Dermatologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Por isso, vamos explicar quais tipos são os mais comuns em cada parte do corpo, como preveni-las para aproveitar o verão livre de fungos na pele - e os cuidados a serem adotados caso eles tenham aparecido.
Micoses no couro cabeludo podem provocar coceira e queda dos fios de cabelo, tanto de forma difusa quanto em formato de clareira. São mais comuns em crianças, que podem se contaminar pela areia, por bichinhos de estimação ou até de outras crianças. A indicação é ficar atento a objetos como pentes, escovas e presilhas de cabelo que podem transmitir o fungo para mais pessoas.
O famoso pano branco, como é chamada a micose de praia ou de piscina, costuma se manifestar nas costas, perto do pescoço, na região do colo e braços. A pitiríase versicolor é mais recorrente em jovens, pois a oleosidade na pele, provocada pela alta atividade hormonal, é um ambiente propício à proliferação do fungo. Quando exposta ao sol, a pele com fungo não bronzeia. Ela pode ficar branca, rosa, acastanhada ou de outras cores. "Mesmo após o tratamento, a pele pode não voltar à coloração normal por vários meses. É possível que fique assim por um tempo mesmo já tendo tratado a doença", explica a médica Nicole.
A tinea corporis se manifesta em forma de manchas arredondadas e avermelhadas, com bordas escamosas que geralmente permanecem claras no centro e podem coçar. Esse tipo de micose de verão é comum por auto inoculação, ou seja, a transferência do fungo de um local para outro do próprio corpo ou em contato com outras pessoas, com animais ou solo contaminado, especialmente na estação mais quente do ano, quando as atividades ao ar livre são mais frequentes.
Excesso de roupa, uso prolongado de roupa úmida, roupas íntimas de tecido sintético ou não secar bem após o banho são algumas das condições favoráveis ao aparecimento da tinea cruris. As manchas podem ser avermelhadas e provocar coceira e irritação. São mais comuns em adultos e em pessoas com obesidade.
As frieiras, também conhecidas como pé de atleta, provocam desconforto e descamação entre os dedos. Costumam aparecer em pessoas que ficam com meias molhadas por algum tempo ou não secam bem a região entre os dedos dos pés. Pacientes idosos ou com comorbidades como diabetes devem receber atenção especial no tratamento, pois as fissuras provocadas pelas frieiras podem ser uma porta de entrada para bactérias e infecções. Procure manter os dedos secos e arejados nessa época do ano.
As infecções fúngicas nas unhas geralmente se manifestam nos pés e frequentemente são observadas em idosos, mas podem ocorrer nas mãos e em adultos. A transmissão de uma pessoa diretamente para outra é possível, mas é bem menos comum, geralmente acontece quando materiais como lixas, alicates e cortadores de unhas contaminados são compartilhados.
A unha com micose fica mais grossa e com cor branco amarelada ou amarelo acastanhada.
"É importante que a avaliação e o diagnóstico sejam realizados por profissionais para identificar se se trata de micose ou de sinal de alguma outra doença, como a psoríase", explica Nicole.
Como os fungos causadores da micose podem ser transmitidos por objetos, pessoas e ambientes, como piso de vestiários e de piscinas, é preciso adotar formas de prevenção. "Está todo mundo de férias, então é comum que haja menos atenção nessa época, justamente a mais perigosa para as micoses. Mas há pequenos descuidos que podem disseminar ainda mais os fungos", explica a médica.
Veja as recomendações dela:
De acordo com Nicole, o tratamento para as micoses não é complexo na maioria dos casos. "Nós usamos medicação antifúngica em forma de xampus, esmaltes, pomadas, cremes e sprays ou comprimidos orais, de acordo com o local e o tamanho da infecção, assim como a espécie do fungo. Muitas vezes, o paciente precisa de disciplina para aderir ao tratamento, pois um caso de fungo na unha pode demorar mais de seis meses para ser resolvido", exemplifica.
A médica alerta para os riscos da automedicação e das tentativas de tratamento caseiro antes de procurar um médico dermatologista. "Algumas pomadinhas que as pessoas têm em casa e já começam a passar são inofensivas, mas outras podem ter antibióticos e corticóides que atrapalham o diagnóstico. Em algumas situações, como lesões no meio dos pés de pacientes diabéticos, é a oportunidade para infecções entrarem por ali, apresentando um risco para o paciente", afirma a médica.
Até mesmo uma receita caseira comum, como a de diluir uma parte de vinagre de maçã para quatro partes de água, deixando as unhas do pé de molho por 10 minutos por dia, só é recomendada pela médica como complemento ao tratamento médico. "Essa receitinha popular ainda não tem respaldo científico, até pode ser associada ao tratamento porque, de acordo com estudos prévios, o fungo que mais causa as micoses de unha é morto em laboratório em PH ácido. Ao aplicar o vinagre na unha, ainda não conseguimos chegar no PH necessário para de fato matar o fungo, mas o uso dele não apresentou efeitos adversos aos pacientes dos estudos... ainda precisamos de mais evidências.” explica a médica.
Anotou as dicas? Agora, é preciso colocá-las em prática para passar o verão bem longe das micoses. Se, mesmo assim, notar alguma mudança na pele que indique a presença de fungos, procure atendimento médico para ter acesso ao tratamento adequado!
parabéns pelo ótimo artigo! valeu por compartilhar!
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