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Saúde mental de crianças e adolescentes: como abordar o assunto em casa

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10/01/2023
5 min. de leitura

A pandemia de Covid-19 levou a saúde mental para o centro dos diálogos sobre bem-estar e qualidade de vida ao redor do mundo. O Janeiro Branco, mês marcado por um conjunto de ações em prol da construção de uma cultura de saúde mental, levanta a necessidade de olhar para esta situação também durante a infância e a adolescência, fases determinantes para o desenvolvimento e manutenção de hábitos sociais e emocionais importantes para o bem-estar mental.

O relatório Situação Mundial da Infância 2021 estimou que quase um em cada seis meninas e meninos entre 10 e 19 anos de idade no Brasil vive com algum transtorno mental. Nessa fase, contar com um ambiente acolhedor na família, na escola e na comunidade é importante para prevenir e detectar fatores de risco da saúde mental das crianças e dos adolescentes.

O desejo de uma maior autonomia, pressão para corresponder às expectativas dos pares, exploração da identidade sexual e maior acesso e uso de tecnologias estão entre os fatores que contribuem para o estresse durante esse momento da vida, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

A psicóloga e pedagoga Carla Saad, pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamental da infância e Adolescência, afirma que é importante levar o diálogo sobre a saúde mental dos jovens para além do Janeiro Branco e do Setembro Amarelo. “O tema precisa estar nas nossas ações no cotidiano. É preciso valorizar no nosso dia a dia, as ações e os hábitos que podem proporcionar qualidade de vida, bem-estar e melhoria da saúde mental”, afirma a especialista.

Veja algumas sugestões da psicóloga para que os pais possam abordar o tema com crianças e com adolescentes:

Ensine a nomear, reconhecer e expressar emoções

Validar desde cedo as emoções dos filhos é um dos primeiros passos para fortalecer a saúde mental das crianças e adolescentes. Os pais devem expressar que percebem e se importam com o que eles estão sentindo e que os jovens podem falar sobre seus sentimentos em casa. Percebeu que a criança está triste, chorando, com raiva ou até mesmo muito feliz? Demonstre que se importa. Uma boa dica de abordagem é: “Filho, estou percebendo que você está triste. Está acontecendo alguma coisa? Você pode me contar!” ou “Eu imagino que foi tal coisa que aconteceu, e por isso você está chateado. Quer conversar sobre isso?”.


Aproveite os ganchos de histórias, filmes e desenhos

Não espere um momento ideal para conversar sobre saúde mental com jovens. Que tal aproveitar a deixa de filmes, livros, histórias e até mesmo notícias como pretexto para iniciar o diálogo? Perguntar se seu filho já se sentiu igual ao personagem do filme que acabou de assistir ou se tem algum coleguinha que está passando por esta situação pode ser um bom caminho para abordar o assunto.

Mais do que dialogar, planeje ações

Falar sobre saúde mental na infância e adolescência é importante, mas as ações são fundamentais. Para ter uma boa saúde mental, crianças e jovens precisam viver uma rotina saudável. Os pais devem estabelecer uma agenda na qual seja possível equilibrar lazer e descanso. Atividades que são obrigatórias devem ser balanceadas com outras prazerosas. Valorizar a alimentação e preservar as horas de sono, restringir o uso de telas para a quantidade adequada a cada faixa etária e incluir atividades físicas no dia a dia criam uma rotina que favorece a saúde e o bem-estar mental dos jovens.

Dedique tempo de qualidade a crianças e adolescentes

Tempo de qualidade significa aquele momento em que a atenção está inteiramente voltada à família. Esses períodos ajudam a estabelecer relações saudáveis com os jovens. Cozinhar, passear, assistir filmes ou séries e praticar esportes juntos colaboram para  fortalecer os vínculos familiares e criar um ambiente saudável, acolhedor e de respeito. Em outras palavras: são importantes para proporcionar uma boa saúde mental para crianças, adolescentes e até adultos.

Além disso, é preciso estar atento a sinais que podem indicar uma saúde mental fragilizada em crianças e adolescentes. A psicóloga Carla Saad explica que é muito difícil a criança não dar sinais de que não está bem emocionalmente: “às vezes, o que acontece é que os adultos não estão olhando para essa criança ou adolescente como deveriam, e dando a importância necessária às alterações de comportamento”.

Mudanças bruscas de comportamento (padrões de alimentação, sono e sociabilidade), aparecimento de machucados, preocupação excessiva e frases como “eu só atrapalho a vida de vocês” ou “seria melhor se eu não estivesse aqui” são indicativos de que o jovem pode estar enfrentando dificuldades. Muitas vezes, é aconselhado procurar o apoio de um psicólogo.

“Na escola ou em casa, haverá alteração de comportamento que indica sofrimento e que é preciso procurar avaliação psicológica. É preciso estar atento tanto ao que o jovem verbaliza quanto ao que não verbaliza”, afirma Carla.

Que tal aproveitar o Janeiro Branco para levar o diálogo sobre saúde mental para dentro de casa e manter este hábito durante o decorrer do ano?

Referências

  1. World Health Organization (WHO). World mental health report. Transforming mental health for all. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240049338. Acesso em janeiro de 2023.
  2. Organização Pan Americana de Saúde. Saúde mental dos adolescentes. Disponível em: Saúde mental dos adolescentes - OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde (paho.org). Acesso em janeiro de 2023.
  3. Unicef Brasil. Saúde mental de adolescentes. Disponível em: Saúde mental de adolescentes (unicef.org). Acesso em janeiro de 2023.
  4. Brasil Escola. Saúde Mental de Adolescentes como cuidar. Disponível em: Como cuidar da saúde mental dos adolescentes? - Brasil Escola (uol.com.br). Acesso em janeiro de 2023.
  5. Fundação Oswaldo Cruz. Especialistas falam dos desafios no cuidado de jovens e adolescentes. Disponível em: Saúde mental: especialistas falam sobre os desafios no cuidado de jovens e adolescentes (fiocruz.br). Acesso em janeiro de 2023.

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