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Cisto no ovário: saiba identificar os sintomas, tipos de tratamento e como prevenir

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15/09/2021
6 min. de leitura

Um cisto ovariano é formado por um acúmulo de líquido, caracterizado por uma bolha, localizado dentro ou ao redor do ovário. Na maioria dos casos, trata-se de uma condição benigna, sem qualquer relação com um câncer, e que geralmente não apresenta sintomas.

Existem diferentes tipos de cistos ovarianos, sendo o cisto simples o mais comum entre as mulheres.  Para entender cada tipo, a ginecologista Fabíola Zoppas Fridman, membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul (Sogirgs), explica:

Cistos simples: são coleções líquidas benignas, de dimensões variadas que podem ter origem em algumas células de origem ovulatória, sendo considerados fisiológicos, e que regridem de forma espontânea, não requerendo tratamento. Estes são os mais frequentes.

Cistos hemorrágicos: são decorrentes de um folículo ovariano que assume um volume maior durante o período ovulatório e que ao romper-se gera uma pequena “hemorragia” local, autolimitada e que raramente necessita algum tipo de manejo cirúrgico.

Cisto de corpo lúteo: semelhante ao cisto simples, porém maior e dominante, associado à ovulação. Ele aparece e desaparece a cada mês, fazendo parte do funcionamento normal dos ovários.  Quando este cisto evolui para um tamanho muito grande, pode provocar um cisto hemorrágico. Este cisto é esperado encontrar em mulheres que tentam gestar.

Cistoadenomas: são tumores benignos císticos do ovário, que podem não regredir sozinhos, evoluir para tamanhos maiores e necessitar de tratamento cirúrgico. Devem ser diferenciados com os cistos simples, os quais vão desaparecer sozinhos com o passar do tempo.

Endometriomas: são cistos com conteúdo hemático (sangue), associados à endometriose pélvica. Neste caso, requer acompanhamento e conduta específica baseada no próprio tratamento da endometriose. Podem ser confundidos com cisto hemorrágico, mas este tem regressão espontânea, já o endometrioma não.

Ovários policísticos:  são pequenos múltiplos cistos na periferia dos ovários,  às  vezes associados à Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Em até 20% dos casos pode ser um achado ocasionalmente e sem relevância clínica em mulheres sem nenhuma patologia, inclusive naquelas que usam pílulas anticoncepcionais.

A ginecologista esclarece que as causas podem variar. “Muitos cistos simples, de corpo lúteo e hemorrágicos podem ser decorrentes apenas do ciclo ovulatório mensal normal em mulheres que não usam anticoncepcional hormonal. Eles são transitórios, porém podem se repetir por várias vezes ao longo dos anos em mulheres jovens”.

Por outro lado, alguns cistos podem ser originados de tratamentos para infertilidade com estímulo à ovulação. De acordo com Fridman, nas mulheres com a síndrome dos ovários policísticos, os cistos são decorrentes da falta de tratamento da própria patologia. Já em mulheres com endometriose sem tratamento, a doença pode evoluir com a formação dos endometriomas ovarianos.

Quais sintomas indicam que tenho cisto no ovário?

Geralmente o surgimento de cistos ovarianos não causam sintomas, sendo encontrados por acaso através de um exame de ecografia da região pélvica. Eles tendem a desaparecer espontaneamente, não sendo necessário nenhum tratamento específico. Porém, em alguns casos, é possível surgir alguns sintomas, sobretudo quando o cisto atinge um tamanho considerável. São eles:

  • Dor no baixo ventre;
  • Menstruação irregular;
  • Sensação de peso na região pélvica ou abdominal;
  • Dor durante relações sexuais;
  • Distensão abdominal;
  • Vontade frequente de urinar;
  • Dor ao evacuar;
  • Náuseas e vômitos;
  • Dificuldade para engravidar.

“Se o cisto for de grande tamanho, ou então hemorrágico, o desconforto pélvico não melhora espontaneamente, podendo piorar de intensidade com o passar do tempo. Alguns casos podem evoluir para uma torção do cisto, ocasionando dor intensa e súbita no abdômen inferior (pelve), necessitando de atendimento médico de urgência”, alerta Fridman.

Além disso, a ginecologista aponta que, apesar de raro, ainda é possível ocorrer em alguns casos um grande aumento de volume abdominal, que pode até mesmo ser confundido com uma gestação em casos de longa data de evolução e grande crescimento do cisto.

Quando saber que é hora de procurar um médico?

Apesar de em sua maioria não apresentar nenhum risco para a saúde, a detecção do cisto ovariano requer uma avaliação realizada por um médico ginecologista, que irá examinar os sintomas da paciente, além de solicitar exames laboratoriais e ultrassonografia para melhor diagnosticar a condição.

A ginecologista da Sogirgs ressalta que sempre que houver um cisto ovariano persistente e repetitivo, ou então na queixa de dor pélvica prolongada, é importante buscar ajuda médica. “O ideal é que sempre que seja identificado um cisto ovariano a mulher procure um médico para obter orientações e identificação do tipo de cisto que apresenta”.

Quais os tratamentos disponíveis?

O tratamento varia de acordo com o tipo do cisto ovariano. De acordo com Fridman, os cistos fisiológicos, simples e de corpo lúteo raramente necessitam de tratamento, visto que eles regridem de forma espontânea. No caso dos cistos hemorrágicos, o tratamento só é necessário quando eles causam um sangramento de maior proporção, o que pode vir  a necessitar  de cirurgia.  Além disso, estes tipos de cistos podem ser tratados e prevenidos com o uso de anticoncepcional hormonal, que devem ser indicados após uma avaliação médica para identificar o tipo de cisto ovariano.

Por outro lado, os endometriomas e os ovários policísticos, segundo Fridman, requerem tratamento da patologia que os originou. O uso de contraceptivos hormonais ou medicamentos específicos no caso da endometriose, de modo geral, são indicados.

“Quando os cistos assumem grandes proporções, um volume de líquido muito grande, é necessário cirurgia para a sua remoção, que pode ser convencional (com corte abdominal)  ou por videolaparoscopia. Somente o médico poderá definir a conduta correta a ser determinada”, aponta.

Os cistos nos ovários podem estar associados a um câncer ?

Por se tratar de uma lesão normalmente benigna, os cistos ovarianos raramente podem estar associados a um câncer de ovário. O câncer de ovário, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), é a segunda neoplasia ginecológica mais comum entre as mulheres, ficando atrás somente do câncer do colo do útero. Tendo como fatores de risco o avanço da idade, ocorrendo geralmente em mulheres com mais de 50 anos, além de fatores reprodutivos e hormonais, histórico familiar de câncer de ovário, fatores genéticos e excesso de gordura corporal.

 “A maioria dos tumores malignos de ovário não se apresentam somente como cistos, eles  têm  características diferentes além do acúmulo de líquido (cisto) no ovário e são identificados habitualmente por um exame de ecografia por tumores sólidos – císticos nos ovários”, explica a ginecologista. No entanto, ela salienta que somente uma boa avaliação médica  pode diferenciar cistos de tumores malignos no ovário (câncer). “Alguns tipos de câncer de ovário pode não ser identificados num primeiro momento, podendo também confundir com cisto simples benigno”, alerta.

Cistos ovarianos podem afetar a fertilidade da mulher?

Na maioria dos casos, de acordo com a ginecologista, os cistos ovarianos não interferem na fertilidade da mulher. Porém, quando muito recorrentes, podem acabar dificultando a gestação.

“Quando repetitivos podem, ao longo dos anos, levar a uma diminuição do tecido ovariano sadio da mulher, razão pela qual o médico muitas vezes indica tratamento mesmo quando a mulher não tem sintomas”, aponta.

Como me prevenir?

É possível evitar os cistos no ovário com o uso de pílulas anticoncepcionais, tendo em vista que estas inibem a ovulação, período em que alguns cistos se desenvolvem. Além disso, a ginecologista da Sogirgs destaca que os anticoncepcionais contribuem, inclusive, para a redução dos riscos de câncer de ovário.

“O uso prolongado das pílulas combinadas, que são as que contém estrogênio e progesterona, acima de cinco anos pode reduzir o risco de câncer de ovário em 40 a 50 %,  em decorrência do mecanismo de bloqueio da ovulação em que ocasiona alterações repetitivas na superfície ovariana”.

Fonte: Infohealth

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